
24 Jan Algodão orgânico, porquê?
Um relatório recente da Textile Exchange destacou as três principais razões porque se deve apoiar a utilização e cultivo de algodão orgânico, estabelecendo os benefícios da fibra em comparação com o algodão convencional.
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Não utilizam pesticidas
O algodão orgânico cresce sem recurso a aditivos sintéticos ou pesticidas.
Segundo a Pesticide Action Network UK, “as culturas de algodão cobrem 2,4% do cultivo existente no mundo, mas ao mesmo tempo, consomem 6% dos pesticidas utilizados mundialmente, mais do que qualquer outra cultura”.
O uso de pesticidas está ligado por várias investigações a doenças graves e problemas de desenvolvimento relacionados com a exposição aos mesmos. O Agricultural Health Study, financiado pelo National Cancer Institute e pelo National Institute of Environmental Health Sciences, é um dos maiores estudos de saúde em curso – com mais de 89.000 participantes de comunidades agrícolas – e divulgou casos de cancro (incluindo cancro da próstata), Parkinson, diabetes ou asma relacionados com o uso e proximidade com pesticidas.
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Maior rendimento no decorrer do cultivo
Um dos argumentos mais utilizados no apoio ao cultivo convencional de algodão é que o rendimento é maior.
Contudo, a agricultura quimicamente intensiva, especialmente em sistemas irrigados, como é o caso do algodão convencional, explora ano após ano o ecossistema para maior rendimento. Esse tipo de exploração requer o uso de uma quantidade cresceste de produtos químicos, incluindo reguladores de crescimento, gerando, ao longo do tempo um gasto que não existe no caso do cultivo biológico.
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Consumo de água reduzido
A produção de algodão – e de vestuário, no geral – exige quantidades significativas de água.
O algodão orgânico, por definição, vem de plantas que não foram geneticamente modificadas. Devido a essa diferença, para conseguir a mesma quantidade de fibra de uma cultura convencional é necessário plantar mais algodão, o que significa usar mais terra. Essa terra, claro, tem de ser cuidada e irrigada.
No entanto, existe quem defenda que o algodão orgânico acabe por exigir menos água ao longo do tempo, em parte porque o solo, devido aos elevados níveis de carbono provenientes da matéria orgânica e ao não uso de pesticidas, armazena melhor a água.
Não obstante, a verdadeira questão sobre a água é a poluição, afirma a Textile Exchange, sublinhando que “os produtos químicos tóxicos utilizados na produção convencional de algodão estão a envenenar a água que afirmam salvar”.
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Apoiar marcas e retalhistas
A Textile Exchange acredita que os consumidores que se preocupam com o meio ambiente e as comunidades agrícolas que produzem o algodão para as suas roupas devem apoiar marcas e retalhistas na utilização de algodão orgânico.
O último Organic Cotton Market Report, produzido pela Textile Exchange, alinhou os 10 maiores utilizadores de algodão orgânico em volume: C&A, H&M, Tchibo, Inditex, Nike, Decathlon, Carrefour, Lindex, Williams-Sonoma e Stanley and Stella.
“A produção de algodão evoluiu nos últimos 15 anos”, afirma La Rhea Pepper, diretora da Textile Exchange, ao website Just-style.
O intercâmbio e a “maior consciencialização sobre os benefícios para a saúde, económicos e ambientais das práticas de agricultura orgânica pelos agricultores e consumidores” declara La Rhea “influenciaram melhorias em muitos sistemas de produção de algodão”, aponta.
De acordo com o Preferred Fiber and Materials Market Report, a adoção de métodos de produção de “fibras preferidas” – definidas como fibras, materiais ou produtos ecológicos e socialmente progressivos; seleccionadas porque possuem propriedades mais sustentáveis em comparação com outras opções – subiu para os 8,6% no algodão convencional, mas o algodão orgânico, em geral, continua a ter menor impacto ambiental num geral.
Fonte: Portugal Textil